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sexta-feira, abril 17, 2015

Secretário admite que modelo de policiamento das UPS falhou no PR

Francischini diz que unidades devem ser trocadas por módulos móveis.
Modelo implantado há três anos foi espelhado nas UPPs do Rio de Janeiro.


Com informações da RPC

Com estrutura precária, baixo efetivo, e uma série de denúncias, as Unidades Paraná Seguro (UPS) passaram a ser gradativamente substituídas por módulos móveis de polícia. O secretário de segurança pública do Paraná, Fernando Francischini, admite que o modelo de policiamento das UPS, inaugurado há três anos, não funcionou da forma que o governo esperava.

A primeira UPS foi implantada em Curitiba, no bairro Uberaba, em março de 2012. A ação teve início com uma operação que envolveu 450 policiais, cavalaria, helicóptero e apoio da Guarda Municipal. Depois dela, foram implantadas mais nove UPS em Curitiba, duas na Região Metropolitana, uma em Cascavel, oeste do estado, e uma em Londrina, no norte. Desde 2013, no entanto, nenhuma nova unidade foi instalada.

O objetivo do modelo era atuar conforme as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro, aproximando a polícia da comunidade. Na previsão do governador Beto Richa (PSDB), a ideia era atuar de forma integrada e ampliar serviços públicos, como creches e escolas. Três anos depois, porém, as expectativas não se confirmaram.
“Aqui no bairro Tatuquara não existe, porque a UPS está abandonada no local. Às vezes quando a gente vê dois policiais por ali é muito”, reclama um morador.  À época do lançamento das UPS, o governo prometia a atuação de 30 policiais no local. “Trinta policiais só se for no quartel, porque aqui não tem”, rebate o morador.
O secretário Francischini admite a redução do efetivo, mas atribui a queda à mudança no foco de atuação das unidades. “Agora a política é de mobilidade dentro daquela região. Aquele policial sozinho precisa ter a infraestrutura de comunicação. Nós precisamos ter a reorganização da manutenção das viaturas e o custeio da Secretaria de Segurança. Nós fizemos um replanejamento e espalhamos esses policiais nas áreas das UPS”, justificou.
As queixas também são feitas pelos policiais que atuam nas UPS, especialmente com relação à estrutura de trabalho disponível. “Eles simplesmente largam você numa caixa de fósforos, que a gente chama de UPS, que eles chamam de UPS, e você é largado lá, somente um policial, para você ficar atendendo como se fosse um atendente. Você não atende a ocorrência, você não despacha, você não faz nada”, reclama um policial que não quis se identificar.
Atuando sozinhos, os policiais de plantão nas UPS só têm autonomia para dar orientações. Para atender a ocorrências, por exemplo, é preciso pedir por reforço. A situação se agrava em casos como da UPS da Vila Osternack, que não possui telefone, e do Uberaba, onde os carros de polícia estão parados sem manutenção. No Parolin a estrutura da UPS foi retirada e colocada na Praça Afonso Botelho, no bairro Água Verde, a mais de dois quilômetros do Parolin.
Diante dos problemas, não são raros os casos em que a comunidade passou a ajudar os policiais das UPS com móveis, eletrodomésticos, consertos de viaturas e até comida. “Infelizmente hoje as UPS não dispõem de uma estrutura básica para o trabalho policial na rua. Seja de viaturas, seja na parte de uniformes, que faz três anos que a corporação não paga uniformes, seja na parte de armamento, na parte de qualquer auxílio logístico que o policial militar necessita ali”, critica outro policial que pedi sigilo da identidade.
Questionado, o secretário de segurança confirma a situação precária das UPS. “Hoje está muito ruim a estruturação das Unidades Paraná Seguro. Eu tenho me dedicado dia e noite com uma nova equipe para dar a mobilidade, que é necessária, a estruturação do policial. É difícil um policial trabalhar num ponto fixo sem o mínimo de comunicação. E outra, a população não enxergar aquele policiamento num ponto em que existia uma grande quantidade de policiais”, admite Francischini.
Mapa da violência
Nesta quinta-feira  (16), a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) divulgou o número de assassinatos por bairro de Curitiba, no primeiro trimestre de 2015. O número de mortes violentas caiu 17% na comparação com o mesmo período de 2014, com 131 mortes violentas.
Dentre os bairros com mais mortes em 2015 a Cidade Industrial de Curitiba teve o maior número de registros – 14 assassinatos. O bairro conta com cinco UPS. Na sequência vêm o Sítio Cercado, com 11 mortes, Prado Velho, com dez, Cajuru, com oito, Uberaba, com sete, e Alto Boqueirão, também com sete.
Destes, apenas o Alto Boqueirão não conta com UPS.

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