Com a mudança de gestão do governo estadual, uma nova expectativa se criou em torno da segurança pública. Em meio ao discurso oficial de empenho para gerar melhorias ao setor, espero que a sociedade fique atenta ao que será feito para evitar um passado recente de precariedade dos órgãos de segurança pública. Tradicionalmente sucateada pelo poder público, o que se revela com o deficit na Polícia Militar, o que leva, por exemplo, obrigar quatro homens a cuidar exclusivamente de um município, chamo à atenção em especial para a Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos de Mato Grosso.
Em 2013, somente seis policiais civis atuavam como investigadores para apurar roubos e furtos de motos e veículos em Cuiabá e Várzea Grande. Humanamente impossível acreditar que metas serão alcançadas com sucesso, levando em consideração todas as modalidades apuradas, o que envolve investigação para desmantelar quadrilhas, autores de sequestros-relâmpagos, assaltantes de residências e outros.
Agora imagine você leitor que não é preciso ir a fundo para ter noção da dimensão territorial de Cuiabá e Várzea Grande e ter conhecimento que, no período citado, a média de furtos e roubos de motos e carros faziam diariamente 10 vítimas. Sem aparato e com serviço de inteligência precário, o esforço individual dos policiais tinha que se sobressair em meio às dificuldades para levar resultados a população.
Mas o descaso do Estado com a estrutura da Polícia Civil não parou por aí. Em 2010, a Polícia Civil detinha orçamento de R$ 24 milhões. Em 2013, foi encaminhado à Assembleia Legislativa proposta orçamentária que iria vigorar em 2014 de pífios R$ 9,4 milhões. Mesmo valor que no período a Secretaria de Trabalho e Assistência Social lançou uma licitação para gastar R$ 9,78 milhões com a compra do “Enxoval dos Sonhos” para fornecimento de kits de cama, mesa e banho aos participantes do Casamento Comunitário. Ou seja, embora a segurança pública faça parte do tripé considerado essencial à administração pública juntamente com educação e saúde, estava longe de ser uma prioridade ao governo do Estado. Espero que o secretário de segurança Pública, Mauro Zaque, e o governador Pedro Taques, olhem com atenção para reforçar a Polícia Civil e demais órgãos de segurança. Segurança pública não significa somente efetivo de homens, por segurança se entende a necessidade de uma polícia que garanta direitos do cidadão e tenha seus direitos respeitados, e cabe ao Estado não permitir a precarização.
RAFAEL COSTA é repórter do Diário de Cuiabá
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