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quinta-feira, agosto 23, 2012

TROCAR A PF PELAS FORÇAS ARMADAS


Clayton de Souza/AE. 
PF exibe faixa de protesto no aeroporto de Congonhas em SP
PF exibe faixa de protesto no aeroporto de Congonhas em SP - Clayton de Souza/AE


Greve faz Dilma trocar PF por militares na Copa. Presidente vai 
privilegiar Forças Armadas na proteção de grandes eventos após 
protestos dos federais em aeroportos e rodovias

João Domingos e Vannildo Mendes, de O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff decidiu privilegiar o papel das Forças Armadas
no comando da segurança dos grandes eventos que vão ocorrer no Brasil a 
partir do ano que vem - Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo
de Futebol em 2014 e a Olimpíada do Rio em 2016. A intervenção da 
presidente na estrutura criada para os eventos ocorreu depois que Dilma 
formou convicção de que na greveem curso os policiais federais agiram para
atemorizar a sociedade em aeroportos, postos de fronteira e portos.

De acordo com assessores diretos, Dilma considera absurda a forma com 
os policiais federais têm agido na greve, levando a população a 
constrangimentos com revistas descabidas em malas e bolsas, além de 
exibição de armas em suas operações-padrão. A presidente teme ainda que
o Brasil passe por vexames duranteos grandes eventos e não se esquece - 
segundo um interlocutor - de que os policiais federais tentaram fazer um 
protesto durante a Rio+ 20, quando deveriam estar cuidando da segurança 
dos chefes de Estado e de governo e das autoridades presentes.

O comando da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge), 
subordinada ao Ministério da Justiça e dirigida por um delegado da PF, 
Valdinho Jacinto Caetano,já começou na prática a perder espaço para as 
Forças Armadas. Num primeiro movimento autorizado por Dilma, o Ministério
da Defesa publicou ontem no Diário Oficial da União (DOU) portaria que 
prevê o redistribuição de verbas de segurança em eventos e avança nas 
funções estratégicas da secretaria em favor dos comandos do Exército, 
Marinha e Aeronáutica.

Conforme a portaria, em contexto emergencial, o Ministério da Defesa fica 
autorizado a realizar o planejamento para emprego temporário das Forças 
Armadas para atuar nas áreas de defesa aeroespacial, controle de espaço
aéreo, defesa de áreas marítima, fluvial e portuária, segurança e defesa 
cibernética, de preparo e emprego, de comando e controle e de defesa 
contra terrorismo.

O Ministério está também apto a comandar tarefas de fiscalização de 
explosivos, de forças de contingência e defesa contra agentes químicos, 
biológicos, radiológicos ounucleares.

A medida, conforme o texto, vale para todas as cidades-sede da Copa e 
dos grandes eventos programados até 2016. Entre eles, estão ainda a 
Copa das Confederações e a visita do Papa Vento XVI durante A Jornada
Mundial da Juventude, no Rio, em 2013. A Sesge, desidratada de recursos
e atribuições, tende a exercer um papel de segundo plano nesses eventos.

O Estado apurou que, num segundo momento, o Planalto planeja substituir
o titular da secretaria por um representante do Ministério da Defesa. Criada
em agosto de 2011, a Sesge está em plena execução de um orçamento de
R$ 1,17 bilhão.

Embora incomodado com os sinais do Planalto, o ministro da Justiça, 
José Eduardo Cardozo, informou por meio da assessoria do Ministério 
que não comentaria portariade outra pasta.

Protestos
Na terça-feira, 21, houve novos protestos de servidores federais em greve. 
Agentes da Polícia Rodoviária Federal com funções de chefia 
entregaram simbolicamente seus cargos à Superintendência do Rio de 
Janeiro. Em Salvador, fiscais do Ministério da Agricultura distribuiram oito 
toneladas de arroz e feijão. 
Nos aeroportos de Congonhas (SP), Confins (BH) e JK (Brasília), policiais 
federais fizeram passeatas e apitaços.

 / COLABORARAM TIAGO DÉCIMO E ANTÔNIO PITA

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