Informação foi obtida pela Polícia Civil durante depoimentos nesta segunda-feira
Pelo menos duas pessoas são apontadas como suspeitas por atear fogo nos alojamentos dos trabalhadores da Arena do Grêmio, em Porto Alegre. A informação foi colhida nesta segunda-feira, durante depoimentos na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, responsável por investigar o caso.
O incêndio ocorreu na noite de domingo, depois do operário José Elias Machado ter sido morto atropelado ao tentar atravessar a BR-290. Ele se dirigia do canteiro de obras para o dormitório, instalado no lado oposto da rodovia, próximo ao Guaíba.
Os trabalhadores alegaram que a construtora OAS, responsável pelo empreendimento, não disponibilizou transporte para levá-los ao outro lado da estrada — não há passarela de pedestres na região.
O delegado Flávio Conrado afirma que aguarda informações da construtora responsável pela obra.
— Estamos tentando identificar os responsáveis. Temos dois nomes relacionados até agora. Mas aguardamos que a empresa diga onde estes dois estão, para então os ouvirmos e confirmarmos ou não as suspeitas.
Nesta segunda-feira, a construtora OAS informou que disponibiliza ônibus para o traslado de um lado a outro em dias de trabalho. Contudo, no domingo, era o dia de folga dos funcionários. Após o ocorrido, os trabalhadores foram alojados em hotéis de Porto Alegre, municípios da Região Metropolitana e Litoral Norte.
O Ministério Público do Trabalho informou nesta segunda que recolhe informações sobre as condições do alojamento e transporte dos operários. Em entrevista ao programa Gaúcha Repórter, o secretário-geral da Grêmio Empreendimentos, Ricardo Gôte, disse que o protesto não teve ligação com as instalações oferecidas aos operários.
Um familiar de José Elias Machado virá da Paraíba para liberar o corpo do operário no Instituto Médico Legal (IML). A obra deve ser retomada nesta terça-feira.
Acidente e protestos:
Por volta das 19h do último domingo, uma caminhonete Ford F-250 atropelou José Elias Machado, 40 anos, na freeway. Ele trabalhava para a OAS Empreendimentos, que constrói o Arena do Grêmio e é responsável pela obra da Rodovia do Parque (BR-448).
O motorista envolvido no acidente ficou no local para prestar socorro. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 80 trabalhadores começaram protesto contra o condutor, que entrou na viatura. Manifestantes teriam tentado virar o veículo.
Revoltados, os operários incendiaram um alojamento localizado às margens da rodovia. Foi necessária ação dos bombeiros. Durante a madrugada, outro alojamento foi queimado e os bombeiros foram chamados novamente.
Alguns funcionários teriam perdido pertences com o fogo. Além da morte do colega, eles estariam descontentes com a localização de parte dos alojamentos, que ficavam no lado oposto da rodovia em relação à obra.
Nesta manhã, a Brigada Militar (BM) reforçou a segurança na entrada do canteiro de obras da Arena do Grêmio para evitar novo tumulto. A empresa garante que prestará toda ajuda à família da vítima.
RÁDIO GAÚCHA