ZERO HORA N° 17265
Projetos custam a decolar. Cinco medidas importantes da área da
segurança esbarram na burocracia, em mudanças de governo e na
falta de recursos
FRANCISCO AMORIM
Apresentados como antídotos para a violência urbana, cinco projetos para
FRANCISCO AMORIM
Apresentados como antídotos para a violência urbana, cinco projetos para
a área da Segurança Pública se arrastam há anos no Estado. Da construção
de cadeias para reduzir a superlotação prisional ao monitoramento eletrônico
das mais importantes vias de acesso aos municípios da Região Metropolitana,
as propostas esbarram na burocracia, em mudanças de
governo e na falta de recursos.
Entre as principais iniciativas apresentadas nos últimos seis anos para conter
Entre as principais iniciativas apresentadas nos últimos seis anos para conter
a criminalidade, apenas a Lei dos Desmanches parece realmente estar saindo
do papel. Mesmo assim, a proposta ficou engavetada por quatro anos à
espera de regulamentação. Sem um modelo para seguir- atualmente,o próprio
governo federal busca uma fórmula para regularizar e fiscalizar o mercado de
peças usadas –, o detalhamento das regras teve de ser feito por uma
comissão técnica do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) a partir de
encontros com representantes do setor, autoridades policiais e peritos do
Departamento de Criminalística.
Segundo o diretor técnico do Detran, Ildo Mário Szinvelski, neste ano um
segundo passo também foi dado: 366 ferros-velhos foram cadastrados pelo
órgão no Estado. Os demais entraram na ilegalidade.
Alguns planos estão com futuro incerto
Alvo de severas críticas do Judiciário, o setor prisional parece ter ainda menos
fôlego para tocar adiante a maioria dos anúncios sobre a construção de
presídios.O mesmo ocorre em relação às iniciativas de vigilância eletrônica de
apenados.A questão não está ligada apenas à escassez de recursos federais,
mas à falta de sintonia entre as equipes técnicas de engenharia do Estado e
do Ministério da Justiça. Não são raros os projetos apresentados pelos
gaúchos que não passam pelo crivo dos servidores federais. Além disso, os
municípios costumam rechaçar a ideia de receber uma penitenciária.
O resultado não poderia ser outro: de 2007 para cá, multiplicaram-se os
anúncios de presídios, mas poucos se converteram em canteiros de obras.
Só no governo de Yeda Crusius foram sete as casas prisionais anunciadas.
A ex-governadora, no entanto, acabou inaugurando apenas uma penitenciária
em Caxias do Sul, herança do governo de Germano Rigotto. A atual gestão de
Tarso Genro já inaugurou duas, em Guaíba e Arroio dos Ratos.
A primeira delas, um projeto de sua antecessora.
Futuro ainda mais incerto é reservado aos bloqueadores de celulares.
Futuro ainda mais incerto é reservado aos bloqueadores de celulares.
Atualmente em teste na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas
(Pasc), o sistema de antenas que cortam o sinal dos aparelhos não tem prazo
para ser instalado em definitivo na casa prisional.
Procurado por Zero Hora, o secretário da Segurança Pública, Airton Michels,
optou por falar apenas sobre a instalação do cerco eletrônico no entorno das
principais cidades da Região Metropolitana. O projeto que conta com verba de
R$ 20 milhões é apontado por ele como fundamental para o combate ao roubo
de veículos.
–Esse sistema também combaterá outros crimes na região, como o roubo de
–Esse sistema também combaterá outros crimes na região, como o roubo de
cargas, por exemplo – diz ele.
A proposta a ser apresentada em um edital nas próximas semanas, porém,
A proposta a ser apresentada em um edital nas próximas semanas, porém,
não deve escapar de uma longa tramitação.
Bloqueadores de celular
PROJETO: instalação de sistema de antenas que impedem a comunicação
por celular em presídios.
IDEALIZADO: 2009
ANDAMENTO: apesar de cogitada desde o início dos anos 2000 e
frequentemente descartada devido aos custos de instalação e operação ,
a estratégia de bloquear o sinal de celulares nas cadeias por meio de uma
rede de antenas começou a ser testada em 2009. Problemas como a
inviabilização do uso de telefone por parte de moradores do entorno do
Presídio Central e a permanência de sinal em alguns pontos da maior cadeia
do Estado esfriaram o interesse da Superintendência dos Serviços
Penitenciários na tecnologia.
Estão sendo feitos testes na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas
Estão sendo feitos testes na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas
(Pasc),onde estão recolhidos os chefes das principais organizações
criminosasdo Estado. Segundo a Susepe, o volume de ligações feitas de
dentro das celas teria caído pela metade.
PROJEÇÃO: não há previsão de contratação do serviço. Os testes na Pasc
devem acabar no final do ano.
Tornozeleiras eletrônicas
PROJETO: emprego de rastreadores eletrônicos em presos dos regimes
Tornozeleiras eletrônicas
PROJETO: emprego de rastreadores eletrônicos em presos dos regimes
semiaberto e aberto e em prisão domiciliar. O monitoramento via satélite
permitiria a redução da superlotação em albergues do Estado e dos crimes
praticados por apenados desses regimes.
IDEALIZADO: 2007
ANDAMENTO: o governo Yeda Crusius manifestou interesse em usar
IDEALIZADO: 2007
ANDAMENTO: o governo Yeda Crusius manifestou interesse em usar
tornozeleiras em apenados do aberto e do semiaberto, dando início a uma
série de testes em presos em 2007. No segundo semestre de 2008, a
governadora sancionou a lei que criava o monitoramento eletrônico, legislação
inspirada em um projeto de lei do então deputado estadual Giovani Cherini.
No ano passado, o governo Tarso Genro abriu um processo licitatório para
No ano passado, o governo Tarso Genro abriu um processo licitatório para
contratação do serviço que incluiria, no primeiro momento, o emprego de 400
tornozeleiras. Depois do julgamento de uma série de recursos de empresas
concorrentes, o processo licitatório foi concluído no segundo semestre,
conforme a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública.
PROJEÇÃO: sem prazo anunciado para a contratação do serviço. Depende
apenas da assinatura de contrato com a empresa vencedora, conforme a
assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública.
Lei dos Desmanches
PROJETO: estabelece regras para o funcionamento dos ferros-velhos no
Lei dos Desmanches
PROJETO: estabelece regras para o funcionamento dos ferros-velhos no
Estado, entre elas, a numeração de peças em estoque. Com a medida, o
governo do Estado pretende reduzir o mercado ilegal de veículos roubados.
IDEALIZADO: 2007
ANDAMENTO: depois de sancionada pela governadora Yeda Crusius em
IDEALIZADO: 2007
ANDAMENTO: depois de sancionada pela governadora Yeda Crusius em
julho de 2007, em uma rápida articulação entre os poderes Executivo e
Legislativo, a Lei dos Desmanches ficou engavetada, aguardando
regulamentação, até o ano passado.
Atualmente já com as regras definidas, encontra-se em fase de
implantação. A primeira fase de cadastramento dos desmanches junto ao
Departamento Estadual de Trânsito (Detran) já foi concluída.
Dos 366 estabelecimentos credenciados, 311 já foram, inclusive, vistoriados
por equipes do Detran. O próximo passo é a entrada em funcionamento do
sistema integrado onde cada ferro-velho deverá cadastrar as peças em seu
estoque. As informações poderão ser acessadas pelo Detran e pelas polícias
Civil e Militar.
PROJEÇÃO: sistema integrado de informações sobre os estoques dos
PROJEÇÃO: sistema integrado de informações sobre os estoques dos
ferros-velhos começa a funcionar em março, segundo o Detran.
Cerca eletrônica
PROJETO: instalação de câmeras de monitoramento, com capacidade de
Cerca eletrônica
PROJETO: instalação de câmeras de monitoramento, com capacidade de
leitura de placas veiculares, nos principais acessos viários da região
metropolitana de Porto Alegre para conter roubos e furtos de carros e
cargas.
IDEALIZADO: 2012
ANDAMENTO: proposta da Secretaria da Segurança Pública em conjunto
IDEALIZADO: 2012
ANDAMENTO: proposta da Secretaria da Segurança Pública em conjunto
com municípios da Região Metropolitana. O investimento total previsto pelo
Estado é de cerca de R$ 20 milhões para o sistema que deve integrar as
polícias e as guardas municipais. A previsão é de que na primeira etapa a
rede de equipamentos abranja Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí,
Viamão e Alvorada. Na seguinte, será instalada também em Novo Hamburgo,
Sapucaia do Sul, Esteio e São Leopoldo.
Por último, Santo Antônio da Patrulha, Nova Santa Rita e Glorinha.
PROJEÇÃO: Secretaria da Segurança Pública promete publicar até o final
do ano o edital para contratação de empresa que instalará o sistema
integrado de câmeras. A expectativa do governo é que a cerca eletrônica
entre em funcionamento em 2013.
Novas vagas prisionais
PROJETO: construção de novas penitenciárias no Estado para abrigar
Novas vagas prisionais
PROJETO: construção de novas penitenciárias no Estado para abrigar
presos do regime fechado e reduzir o déficit de 8 mil vagas.
IDEALIZADO: 2007
ANDAMENTO: apesar da promessa de mais de sete casas prisionais, o
governo passado conseguiu inaugurar apenas uma penitenciária em quatro
anos, instalada em Caxias do Sul. Seus dois principais projetos, a construção
de um complexo para 3 mil presos em Canoas com apoio da prefeitura por
meio de parceria público-privada (PPP) e a instalação de uma prisão para
jovens em São Leopoldo foram abandonados pelo governo Tarso Genro.
A atual gestão inaugurou até agora duas novas cadeias, uma feminina em
Guaíba e outra masculina em Arroio dos Ratos, além de dois módulos na
Penitenciária Estadual em Santa Maria. Com elas, foram criadas cerca de
1,7 mil vagas.
PROJEÇÃO: uma penitenciária masculina em Guaíba, duas femininas em Rio
PROJEÇÃO: uma penitenciária masculina em Guaíba, duas femininas em Rio
Grande e Passo Fundo e uma mista em Alegrete estão nos planos imediatos
da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para 2013.
Com elas, seriam criadas mais 1,5 mil vagas. Em Canoas, a aposta é na
construção de um presídio menor do que o planejado, de até 400 vagas.
Em São Leopoldo, a ideia é instalar uma cadeia para presos provisórios
(sem condenação).