23/11/2010 às 13h58m; O Globo
RIO - A onda de violência que tomou conta do Rio desde a madrugada de segunda-feira, com ataques a carros e arrastões em diversas áreas , tirou de vez a tranquilidade dos moradores da cidade. Em resposta à pergunta "Você mudou seu comportamento com medo dos arrastões e dos incêndios a veículos no Rio?", no site do GLOBO e na página do jornal no Facebook , os internautas deixaram claro que as mudanças de hábito já fazem parte da rotina, mas que a sensação de insegurança aumenta a cada dia.
A situação da violência na nossa cidade chegou ao patamar do absurdo
"O uso de insulfilm, a paranoia nos sinais de trânsito e tantas outras 'táticas de guerrilha' que usamos diariamente são espelho disso. A situação da violência na nossa cidade chegou ao patamar do absurdo", escreveu Nuno Moreira, no site. No Facebook, Leene Santana fez coro: "Infelizmente, nós viramos 'prisioneiros' sem cometer qualquer delito. Fica complicado sentir-se em paz".
Assim como eles, muitos leitores mostraram que não se sentem seguros para circular livremente pela cidade. Diminuir as saídas à noite e evitar certas áreas da cidade já fazem parte da cartilha de segurança de muitas famílias. Mas as leitoras Lucia Saraiva e Solange Ruiz Garrido acreditam que a situação atual exige medidas mais drásticas. Para elas, a solução é ficar em casa o máximo de tempo possível.
"Estou apavorada. Só saio para o trabalho e, mesmo assim, com muito medo. À noite, ficamos eu, minha filha e minha neta presas em casa, principalmente no final de semana", escreveu Solange.
Carlos Eduardo de Souza conta que vive em estado permanente de pânico desde que todos os seus familiares foram vítimas da violência:
"Talvez não tenhamos sempre consciência desse pânico, mas ele aflora a todo instante. Se há alguns anos uma ou outra vez se ouvia falar em assaltos e mortes, hoje em dia todos em minha família já estiveram sob a mira de revolveres. Então, só não mudam o comportamento nossas autoridades e suas famílias, que andam de helicóptero ou 'bondes' de segurança armada".
Depois que um colega de trabalho foi morto em um arrastão na Perimetral, Marcelo Thomaz de Faria ficou mais atento às ocorrências na cidade e arrisca: "A minha tese é de que os arrastões no trânsito ocorrem nos horários de 7h às 9h e de 19h às 21h, justamente no momento da troca de guarda da Polícia Militar. Os bandidos sabem disso e o Comando da PM não!".
Algumas pessoas, no entanto, recusam-se a virar reféns da criminalidade e enfrentam o dia a dia da cidade:
"Se eu tiver que mudar de atitude por causa da violência, nem saio de casa. O medo faz com que a pessoa fique doente, neurótica e deixe de viver, de ser feliz. O que adianta viver sem viver?", disse Misia de Oliveira no site.
Nesta terça, a Polícia Militar pôs todo seu efetivo nas ruas e, em conjunto com a Polícia Civil, faz operação em diversas favelas da cidade . O Ministro da Justiça colocou à disposição do Estado do Rio reforço policial para combate aos ataques do tráfico.