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quinta-feira, dezembro 13, 2012

Susepe e Comitê Carlos da Ré reúnem ex-presas políticas na Capital


A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e o Comitê da Memória, Verdade e Justiça Carlos da Ré realizaram, nesta terça-feira (23), na Penitenciária Feminina Madre Pelletier, o encontro de mulheres que foram perseguidas, torturadas e presas na época da ditadura (64-85). O ato tem como objetivo reconhecer os ambientes de tortura na capital, como o canil da penitenciária, que serviu para a prisão e tortura.
De acordo com o titular da Susepe, Gelson Treiesleben, é necessário o reconhecimento do Estado no papel das mulheres que sofreram na ditadura em prol da democracia."Elas são memórias vivas da nossa história. Apesar de terem sofrido muito, semearam a liberdade de expressão".
Cartazes 
Mais de 15 cartazes foram afixados por presas, ex-presas políticas, integrantes de movimento dos direitos humanos, políticos, familiares de desaparecidos, mortos e ou torturados na calçada da Madre Pelletier, com intuito de mostrar à sociedade que pessoas sofreram atos de tortura no interior da casa prisional, em Porto Alegre. 
A mensagem exige justiça dos culpados. As presas Rose e Simone ajudaram a organizar o evento, que finalizou com uma incursão até o atual canil, ao som das músicas "Asa Branca (Luiz Gonzaga) e Felicidade (Lupicínio Rodrigues) tocada em violão por um participante.
Ex- presas 
A gaúcha de codinome Jane Argolo, 65 anos, foi perseguida e torturada no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Estudante de jornalismo no fim dos anos 60, disse que sofreu terrorismo nos porões do Palácio da Polícia (antigo Departamento de Ordem Política e Social- DOPS), por ser confundida com uma assaltante de armas. "Eu pesava uns 40 quilos e fui submetida a agressões no pau-de-arara, sem ter feito nada".
Para ela, atos de tortura ainda existem. "Toda a pessoa em condições de fragilidade, e que sofre violência sem oportunidades de defesa, se submete a atos de covardia e de tortura. Temos que dar um basta na tortura, respeitar os direitos humanos, em especial, na América do Sul, que ainda sofre muito com estes eventos".
A médica veterinária "Martinha", 64 anos, uma das primeiras mulheres a ser presa na ditadura, afirmou que a cadeia por si só representa tortura diária. "Vamos lutar para que os responsáveis que nos deixaram marcadas, tanto na parte mental como física, sejam punidos".
Prisões femininas 
A coordenadora da Penitenciária da Mulher, Maria Diniz, destacou que pretende trazer as presas políticas à participação ativa em todas as construções de gênero, a fim de resgatar a cidadania. Diniz informou que 80% das mulheres são presas por associação ao tráfico ao levar drogas para o marido nas prisões. "Se não levarem, sofrem violência doméstica". Diniz garantiu que a Susepe vem se preocupando em reconstruir prisões essencialmente femininas. Para tanto, é necessário a criação de uma Vara das Execuções Criminais (VEC), especializadas no tema "mulher".
Carlos da Ré 
Militante de esquerda durante a ditadura militar, Carlos Alberto Tejera de Ré era conhecido como Minhoca. Participou ativamente da luta pela anistia e pela democratização do país e foi o primeiro presidente da Juventude Socialista do partido. Na luta contra a ditadura militar, fundou o Movimento dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos.
Texto: Neiva Motta 
Edição: Redação Secom

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