Um dos líderes da greve, o ex-policial Marco Prisco foi levado para um presídio em Salvador, junto com o policial Antônio Angelini, que também tinha mandado de prisão.
Policiais militares em greve desocuparam a Assembleia Legislativa da Bahia, na manhã desta quinta-feira (9). A saída dos PMs foi nove horas depois de o Jornal Nacional ter divulgado conversas telefônicas, gravadas com autorização da Justiça, em que o líder da greve combina atos de vandalismo com outro grevista.
As mulheres foram as primeiras a deixar a Assembleia Legislativa, pouco depois das 6h da manhã. Em seguida, saíram os policiais grevistas. Quem não tinha mandado de prisão pôde ir para casa. A grande expectativa era para a saída do ex-policial Marco Prisco, presidente da associação que convocou a greve.
Para que o prédio fosse desocupado pelos grevistas, Marco Prisco fez uma exigência e foi atendido. Ele quis deixar a Assembleia pelos fundos, longe da imprensa. Prisco e o policial Antônio Angelini, que também tinha mandado de prisão, foram conduzidos por agentes federais.
Os dois foram levados para o quartel da Polícia do Exército e, depois, para um presídio em Salvador.
O homem que comandou a invasão da Assembleia Legislativa foi exonerado da PM, em 2001, depois de ter se envolvido com outra greve. Já foi candidato a deputado estadual pelo PTC, Partido Trabalhista Cristão, mas não se elegeu. Hoje, é filiado ao PSDB.
Nos últimos dias, ele foi flagrado em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Em uma delas, conversa com o ex-policial David Salomão, que também participava da greve.
Marco Prisco: Desce toda a tropa para cá, meu amigo. Caesg e você. Desce todo mundo para Salvador, meu irmão. Estou lhe pedindo, pelo amor de Deus, desce todo mundo para cá.
David Salomão: Agora?
Marco Prisco: Agora, agora. Embarque.
David Salomão: Eu vou queimar viatura. Eu vou queimar duas carretas agora na Rio-Bahia, que não vai dar tempo.
Marco Prisco: Fecha a BR aí, meu irmão. Fecha a BR.
David Salomão: Agora?
Marco Prisco: Agora, agora. Embarque.
David Salomão: Eu vou queimar viatura. Eu vou queimar duas carretas agora na Rio-Bahia, que não vai dar tempo.
Marco Prisco: Fecha a BR aí, meu irmão. Fecha a BR.
Nesta quinta-feira (9), David Salomão, se justificou: “Aquelas gravações nós já sabíamos que estavam sendo monitoradas. E, no intuito de impedir que o governo invadisse a Assembleia e derramasse sangue de policiais inocentes, nós falamos que iríamos mobilizar e parar a Rio-Bahia. Quero deixar bem claro que não houve crime”.
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, as gravações exibidas na quarta-feira (8) pelo Jornal Nacional são comprometedoras.
“Todas as evidências, e particularmente os áudios, mostram claramente a conexão entre atos de vandalismo, crime e articulação do movimento grevista por algumas das lideranças. Isso me parece evidente que é uma verdadeira organização criminosa que articulava a greve e ações na Bahia, que articulava ações a serem desencadeadas no Rio de Janeiro e em outros estados, estava sendo formada, estava sendo constituída”, declarou o ministro.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, do PT, disse que espera fechar um acordo para o fim da paralisação. “A minha palavra agora é muito serena e de paz. De convocação para que todos os policiais militares voltem e tenham confiança no governador. Meu esforço será de, cada vez mais, recuperar e valorizar a Polícia Militar e o estado da Bahia“, afirmou.
Na quinta, foi presa administrativamente uma PM que teve mensagens de celular interceptadas com autorização da Justiça. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, na terça-feira passada (31), Jeane Batista de Souza mandou recados para o ex-policial Marco Prisco sugerindo que grevistas invadissem o Batalhão de Guardas, onde ela trabalha.
A policial disse que o batalhão podia ser tomado pela Avenida Gal Costa, onde tem uma escadaria que dá acesso a uma guarita. Disse que ficavam apenas dois sargentos no local e que 15 homens armados poderiam render a guarnição. E sugeriu que se os invasores apresentassem a identidade de militar não precisaria ter troca de tiros, nem violência porque, segundo ela, todos são irmãos e estão no mesmo barco.
Oficialmente, a greve da PM não acabou. Representantes de associações de policiais se reuniram à tarde em assembleia para discutir os rumos da paralisação.
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