Por Redação Yahoo! Brasil*
Depois de quase 40 horas de intenso tiroteio, a polícia do Rio de Janeiro anunciou nesta quinta-feira que tomou a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, quartel general do Comando Vermelho. Mais de 100 criminosos fortemente armados fugiram para o Complexo do Alemão, controlado pela mesma facção.
Em grupos, alguns a pé, outros em motos e carros, eles atravessaram a Serra da Misericórdia, uma região de mata. Depois, já nas vielas do Alemão, colocaram fogo em pneus espalhados nas ruas.
Na maior ação do quinto dia de conflito entre traficantes e policiais na cidade, a operação na Vila Cruzeiro, na zona norte, mobilizou 430 homens entre policiais militares, civis e fuzileiros navais, que ajudaram a operar as viaturas blindadas da Marinha, equipadas com metralhadoras ponto 50. Foram elas que ajudaram a polícia a entrar na comunidade e ultrapassar as barricadas montadas por traficantes.
Agentes que entraram na favela afirmaram que o cenário é de destruição. Há carros queimados, caminhões e motos abandonados e sangue pelo chão. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) permaneceu na favela. A segurança do entorno ficou a cargo do Batalhão de Polícia de Choque. A Polícia Civil se retirou, mas voltará nesta sexta-feira para fazer buscas.
A tomada da Vila Cruzeiro era um ponto fundamental para a política de segurança do secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame. Foi lá que se concentraram os traficantes expulsos dos territórios onde foram instaladas 11 das 12 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). "Se tirou dessas pessoas o que nunca foi tirado, que é o seu território. Se tirou dessas pessoas o que eles chamavam e consideravam porto seguro; faziam suas barbaridades e correm covardemente para o seu reduto protegido por armas de guerra", afirmou o secretário a jornalistas após a ação policial.
Até o final da tarde, a polícia não havia divulgado o número de mortos hoje na Vila Cruzeiro. O subchefe operacional da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira, disse apenas que "havia um rastro de sangue" na comunidade. Moradores, assustados, fugiram da favela. Os que ficaram exibiam panos brancos nas janelas pedindo paz. Quinze mil crianças e adolescentes ficaram sem aulas nas escolas. O comércio fechou a porta durante todo o dia.
Muito a ser feito ainda
O Rio vive, desde domingo, uma onda de violência em que criminosos têm colocado fogo em veículos nas ruas e atacado alvos policiais. Os confrontos entre traficantes e a polícia já deixou ao menos 30 suspeitos mortos.
Ao menos 10 veículos militares blindados da Marinha com metralhadoras, que nunca foram usados nos combates em favelas da cidade, transportaram soldados do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) para o interior da favela. Blindados do Bope, conhecidos como "caveirão", também foram utilizados.
Imagens aéreas de tevê mostraram dezenas de traficantes armados fugindo da Vila Cruzeiro à pé, de moto e de carro, por uma estrada de terra que leva para o Complexo do Alemão.
"Quando nós tivemos a notícia da possibilidade de utilização dos blindados, imediatamente a decisão de ir à Vila Cruzeiro foi tomada, porque a gente sabe que as informações vindas de casas prisionais veem à Vila Cruzeiro e da Vila Cruzeiro são capilarizadas para várias áreas da cidade e do Estado", afirmou Beltrame.
O secretário reconheceu, no entanto, que apesar de ter sido dado um passo importante, não há nada a comemorar. "Isso só nos diz que nós devemos ir em frente", afirmou.
Segundo as autoridades, a Polícia Militar não sairá do local. Beltrame afirmou ainda que na sexta-feira serão realizadas novas ações, mas que por razões de estratégia não poderia dar detalhes.
Com informações das Agências Estado e Reuters.
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