13/02/2012
Salva-vidas há cinco anos e pelo terceiro ano consecutivo em Tapes, Fernando Rosa da Cruz conhece os perigos ocultos na tranquilidade da Lagoa dos Patos. A praia da Pinvest, uma das mais frequentadas no município, é repleta de belezas naturais e a calmaria atrai famílias que buscam sossego à beira da lagoa.
"Olhando julgamos ser tranquilo, mas a rotina nos mostra o perigo", afirma Cruz, que já vivenciou casos de afogamento e morte. A água calma e a profundidade permitem ao banhista se distanciar mais da guarita em comparação com os balneários de água salgada.
A área de banho é delimitada, mas como nem todos respeitam, o trabalho de conscientização é intenso. "Não podemos impedir que a pessoa avance, podemos orientar. É preciso ficar atento, porque se ocorre um mau súbito a 200 metros da guarita, o salva-vidas leva mais tempo para resgatar", diz Cruz.
Mesmo que o número de salvamentos seja inferior ao registrado à beira-mar, nos finais de semana, feriados e épocas festivas, o movimento cresce muito. Para Cruz, o vínculo entre o banhista e o salva-vidas em balneários de água dice é bem maior, e essa proximidade muitas vezes auxilia nos resgates.
A utilização de bóias pelos veranistas é um risco. Quando o vento está na direção da guarita é possível se divertir, mas quando vira, os salva-vidas não permitem a utilização, já que o banhista pode se distanciar muito da praia. "Se a pessoa não sabe nadar e uma marola virar a bóia, nós não conseguimos chegar a tempo para salvar. No mar, a água está a favor do salva-vidas, fora quando o dia é de repuxo. Na água doce, o vento pode se tornar um inimigo".
Atenção especial às crianças
Outra situação que merece atenção especial dos profissionais de socorro diz respeito às crianças. Com a presença dos salva-vidas e a água tranquila, alguns pais deixam de monitorar os pequenos, esquecendo que aquilo que parece uma marola para um adulto pode ser fatal para uma criança. "É um trabalho diferenciado. Uma praia de mar aparentemente dá mais trabalho, mais salvamentos, mas na água doce o salvamento é mais difícil, mesmo ocorrendo em menor número", atesta Cruz, dando ênfase na densidade e morfologia da água, e na falta de ondas, o "leva e traz" do mar.
Nos dias de pouco movimento, os salva-vidas possuem visão total de quem está na água. O que aparentemente está sob controle, no entanto, pode mudar com a chegada de um grande grupo. "Nós fazemos contato, falamos das condições da água, damos uma atenção especial. Preferimos passar uma temporada inteira sem ter um salvamento, mas efetuar 500 prevenções", diz ele.
Texto: Daiane Roldão
Foto: Camila Domingues
Edição: Redação Secom
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