Polícia | 07/01/2011
Apresentadora teria incentivado criminoso a matar vítima dizendo que "a cidade está muito parada"
A Polícia Civil de Campo Mourão (PR) prendeu nesta quinta-feira 17 pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas. Entre os detidos está uma jornalista da Rede Record, que seria amante de um dos traficantes e repassaria informações conseguidas com a polícia em razão do trabalho profissional.
— Ela passava essas informações privilegiadas para a quadrilha — disse o delegado José Aparecido Jacovós. Outras duas pessoas, entre elas um advogado, estão foragidas.
A jornalista Maritania Forlin, 28 anos, tem um programa de variedades, em produção independente, transmitido pela Rede Independência de Comunicação (RIC), afiliada da Rede Record no Paraná. Ao ser presa pela manhã, em sua casa, ela negou qualquer participação no auxílio ao tráfico. Segundo Jacovós, ela disse apenas que mantinha relacionamento amoroso com Gilmar Tenório Cavalcanti, apontado como chefe da quadrilha, também preso. Ele já tinha outras passagens pela polícia. O delegado disse que há gravações de áudio que comprovariam o envolvimento dela.
— Quando precisava de algum usuário de droga para entrevistar no programa ligava para ele, que lhe indicava alguém e passava a ser produtor. Vamos interrogá-la e apresentar os áudios para que confirme se a voz é dela — disse o delegado.
A edição eletrônica do jornal O Globo publicou a transcrição de gravações telefônicas, feitas com autorização da Justiça, que mostram uma conversa de Maritânia com um criminoso.
— Eu fui levar o Chinês para fazer um 'corrinho' hoje, entendeu? - diz o homem.
— Hoje? - pergunta a repórter.
— É, lá na vila candida, pegar o cara, não achamos o cara.
— E ia apagar o cara?
— Vai.
— Você tem que fazer o serviço e depois me liga: acabamos de fazer o negócio. Faz dias que não dá homicídio. A cidade está muito parada.
— Mas vai ter homicidinho logo para vocês. Não demora não.
— Ai, ai, ai...
— Tá proximo.
A gravação foi feita em outubro passado. Durante a operação, que recebeu o nome de Vila Mendes, por ser o local onde a quadrilha atuava, foram apreendidos cinco veículos, 40 quilos de maconha, R$ 28 mil e armas. A investigação começou há três meses, após a morte de um rapaz de 19 anos, em razão de uma dívida com a quadrilha.
O diretor de jornalismo da RIC informou que a repórter era contratada por uma empresa terceirizada e foi demitida há três meses, por remanejamento de equipe. Ele informou que não tinha conhecimento das denúncias. O advogado de Maritânia diz que não comenta o assunto porque ainda não teve acesso ao inquérito.
Em 2009, o ex-deputado e jornalista Wallace Souza foi preso e teve o mandato cassado por suspeita de encomendar mortes para exibi-las em seu programa de televisão no Amazonas. Souza morreu em julho de 2010, vítima de uma parada cardíaca.
ZEROHORA.COM COM INFORMAÇÕES DE AGÊNCIAS
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