Jovem que disse ter matado 12 pessoas no Vale do Sinos deve ser solto em março
Em março de 2008, um fato estarreceu o Rio Grande do Sul e tornou-se notícia nacional e internacional: um adolescente franzino, de 16 anos, confessou ter assassinado 12 pessoas em oito meses no Vale do Sinos.
O rapaz, que disse ter matado uma das vítimas com pelo menos 20 tiros e torturado outra antes de matá-la, deverá voltar ao convívio da sociedade gaúcha no fim de março do ano que vem.
Internado no Centro de Atendimento Socieducativo (Case) de Novo Hamburgo desde 2008, o jovem ganhará liberdade amparado no artigo 121 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo o Eca, uma medida de internação não deve ultrapassar três anos.
Apesar do jovem ter confessado 12 homicídios, a polícia concluiu 11 inquéritos, sendo sete de assassinatos. Foram atribuídos a ele uma morte em Dois Irmãos e outras seis em Novo Hamburgo. Na Justiça, ficou comprovado o envolvimento do adolescente em cinco crimes (quatro em Novo Hamburgo e um em Dois Irmãos). Em outros dois ele foi absolvido. Os demais inquéritos são de tentativa de homicídio, receptação e assalto a comércio.
Delegado fala em risco à sociedade
Para o titular da 4ª DP de Novo Hamburgo, delegado Enizaldo Plentz, responsável pela investigação dos 12 assassinatos, é um risco soltar este jovem. Ele diz que, se confirmada esta possibilidade, a Polícia vai ter que ficar em alerta.
— Ele é uma pessoa violenta. Foram fatos gravíssimos e crimes hediondos. Sem dúvida, ele é um elemento perigoso — ressalta Plentz.
O delegado diz que fatos como este têm de servir de base para se discutir o aumento do período de internação dos adolescentes infratores, principalmente em casos de crimes bárbaros.
O jovem atuava nos bairros Canudos e Santo Afonso de Novo Hamburgo junto com um comparsa maior de idade. Algumas informações também preocuparam a comunidade hamburguense na época, como um suposto plano do jovem para matar dois policiais que o investigavam e a existência de uma lista de possíveis vítimas.
Tentativa de fuga e agressões a internos
Durante quase três anos internado no Case de Novo Hamburgo, o jovem participou de uma rebelião em outubro de 2009, quando, ao lado de outros quatro adolescentes, tentou fugir do local. Também agrediu outros internos e esteve por mais de uma vez em atendimento especial, isolado dos outros jovens.
“Ele expressa muita vontade de mudar”, afirma promotor
O promotor da Infância e Juventude de Novo Hamburgo, Manoel Guimarães, afirma que, apesar dos problemas disciplinares no primeiro ano de internação, o adolescente teria um comportamento melhor nos últimos meses.
— Ele expressa muita vontade de mudar. Mas, existe uma marca nele. Não se sabe o quanto os outros vão querer abordá-lo e incitá-lo a retornar ao crime. É uma situação muito complicada, porque ele passou 16 anos da vida dele em um ambiente sem moral — ressalva.
Em gráfico feito em 2008, entenda mais sobre o caso:
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